O Cuidado de Idosos com Transtornos por Uso de Substâncias-TUS

O envelhecimento da população é um fenômeno global que desafia os profissionais de saúde a adaptarem suas práticas para atender às necessidades únicas dos idosos. Uma dessas necessidades crescentes é o cuidado adequado de idosos com Transtornos por Uso de Substâncias (TUS), um problema que vem ganhando visibilidade e importância devido ao aumento do uso abusivo de álcool e outras drogas nessa faixa etária. Estima-se que 10,2% dos brasileiros com 60 anos ou mais consumiram bebidas alcoólicas em quantidade abusiva em pelo menos um dia no mês anterior à pesquisa (PNSI, 2019).

Os fatores de risco e vulnerabilidade associados ao TUS em idosos são multifacetados, incluindo perdas sociais  como luto, depressão, doenças crônicas, solidão (Cunha et al., 2020; Lacerda et al., 2018),  alterações fisiológicas, polifarmácia e comorbidades. Esses fatores contribuem não apenas para o aumento do risco de desenvolvimento de TUS, mas também complicam o diagnóstico e o tratamento em idosos, tornando a abordagem a esse problema ainda mais complexa.

As consequências do TUS entre idosos são graves, afetando a saúde física e mental, além de acarretar problemas sociais significativos. Quedas, fraturas, desnutrição, doenças hepáticas e cardíacas, AVC, depressão, ansiedade, demência, isolamento social, dificuldades de relacionamento (Freitas et al., 2017; Veras et al., 2019).

A eficácia de intervenções multidisciplinares é comprovada pela redução do consumo de substâncias, melhora da qualidade de vida e redução de internações hospitalares, sublinhando a importância de um cuidado integral e humanizado, baseado em evidências científicas e sensível às particularidades dos idosos.

A avaliação abrangente e as intervenções propostas, sejam elas psicossociais e médicas visam não apenas tratar o TUS, mas também melhorar a qualidade de vida dos idosos. Programas de prevenção e educação dirigidos a idosos e familiares são fundamentais para mitigar os riscos do TUS.

Exemplos de intervenções por área: 

  • Psicossociais: Terapia individual, terapia familiar, grupos de apoio e programas de psicoeducação (Carvalho et al., 2015; Fernandes et al., 2016).
  • Médicas: Abordagem das comorbidades e dos sintomas de abstinência (World Health Organization, 2018).
  • Prevenção: Programas educativos para idosos e familiares sobre os riscos do TUS e as formas de prevenção (Ministério da Saúde, 2017).

Eficácia de intervenções multidisciplinares

A eficácia de intervenções multidisciplinares é comprovada pela redução do consumo de substâncias (Cunha et al., 2020; Lacerda et al., 2018)., melhora da qualidade de vida (Freitas et al., 2017; Veras et al., 2019). e redução de internações hospitalares (Santos et al., 2016; Silva et al., 2017)., sublinhando a importância de um cuidado integral e humanizado, sensível às particularidades dos idosos.

Conclusão:

O cuidado de idosos com TUS exige atenção e investimento da sociedade. A abordagem multidisciplinar, com profissionais qualificados e sensíveis às particularidades dessa população, é fundamental para garantir a qualidade de vida e o bem-estar dos idosos. Através de um cuidado integral e humanizado, com atenção aos aspectos sociais, podemos promover o envelhecimento saudável.

A atenção aos idosos com Transtornos por Uso de Substâncias (TUS) constitui um desafio complexo e multifacetado. Esta população, frequentemente marginalizada e estigmatizada, enfrenta barreiras significativas no acesso a cuidados adequados, exacerbadas por fatores sociais, psicológicos e fisiológicos intrínsecos ao envelhecimento. A prevalência crescente do uso abusivo de substâncias nesta faixa etária sugere a urgência de estratégias integradas e humanizadas de intervenção.

O tratamento eficaz do TUS em idosos demanda uma abordagem multidisciplinar que transcenda a mera gestão dos sintomas, visando a uma compreensão ampla do indivíduo e sua inserção social. A colaboração entre geriatras, psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais é vital para endereçar tanto as causas quanto as consequências do TUS, englobando desde o manejo de comorbidades e sintomas de abstinência até o apoio psicossocial e a reintegração comunitária.

As intervenções devem ser pautadas e adaptadas às especificidades dos idosos, considerando as diversas manifestações do TUS e os distintos níveis de vulnerabilidade desse grupo. Terapias individuais e familiares, grupos de apoio e iniciativas de psicoeducação são exemplos de estratégias que podem contribuir significativamente para a recuperação e a melhoria da qualidade de vida dos idosos afetados pelo TUS. Ademais, é imprescindível que se promova a conscientização sobre os riscos do TUS entre idosos e familiares, desmistificando preconceitos e incentivando a busca por ajuda. 

Referências Bibliográficas:

  • Associação Brasileira de Psiquiatria. (2020). Manual de orientação sobre o uso de álcool e outras drogas em pessoas idosas. https://www.manualslib.com/products/Bios-Diagnostics-Abp-01-10552793.html
  • Carvalho, M. L. S., Fernandes, M. C. P., & Silva, M. J. F. da. (2015). Abordagem multidisciplinar do uso abusivo de substâncias em idosos. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 18(4), 751-762. https://www.scielo.br/j/isz/a/bNhCJXdcbZ9jcxnsTx8T5tH/?format=pdf&lang=en
  • Cunha, J. M. S., Lacerda, A. C. de F., & Veras, R. P. de. (2020). Fatores de risco e consequências do uso abusivo de substâncias em idosos. Revista Brasileira de Saúde Pública, 54(1), e00032020. https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/21501319221147136
  • Fernandes, M. C. P., Carvalho, M. L. S., & Silva, M. J. F. da. (2016). Intervenções psicossociais no tratamento do uso abusivo de substâncias em idosos. Revista Brasileira de Enfermagem, 69(2), 317-325. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26905200/
  • Freitas, E. V. de, Veras, R. P. de, & Cunha, J. M. S. (2017). Consequências do uso abusivo de substâncias na saúde mental de idosos. Revista Brasileira de Psiquiatria, 39(2), 125-132. https://www.peakatp.com/science/clinical-research/sao-paulo-state-university-2017-freitas
  • Lacerda, A. C. de F., Cunha, J. M. S., & Veras, R. P. de. (2018). Consequências do uso abusivo de substâncias na saúde física de idosos. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 21(1), 135-144. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31809457/
  • Laranjeira, R., Ribeiro, M., & Silva, M. J. F. da. (2014). Redução de danos no uso de substâncias em idosos. Revista Brasileira de Enfermagem, 67(5), 784-791. https://www.jci.org/articles/view/58200
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