Entenda o que é Dependência Emocional.

A dependência emocional é uma submissão afetiva em relação a uma pessoa ou relacionamento. É uma perturbação caraterizada por comportamentos aditivos em relacionamentos amorosos (Bution e Wechsler (2016). Muitas vezes ela tem início precocemente na vida e está construída em cima de crenças erradas de desvalorização, subordinação e falta de amor-próprio. 

A dependência emocional é algo extremamente prejudicial e que costuma acentuar-se com o passar dos anos. Acontece quando uma pessoa projeta as suas expetativas nas outras pessoas, passando a depender do outro para se sentir feliz, capaz, tomar decisões e até mesmo para se sentir amado. No fundo, o dependente emocional sente muito medo de assumir a responsabilidade sobre a sua própria vida, de tomar suas próprias decisões, temendo ser rejeitado.

Moral e Sirvent (2008), consideram que a dependência emocional é um padrão crônico de requisitos afetivos insatisfeitos, que procuram ser atendidos através de relacionamentos interpessoais caraterizados por um apego patológico. Para Fisher, Aron, & Brown, (2005), são os mecanismos neurológicos envolvidos nas relações amorosas, onde os sentimentos amorosos utilizam as mesmas vias neurais que substâncias psicoativas e ativam os sistemas de recompensa do cérebro, criando sintomas de dependência similares. Portanto, apesar do termo “dependência” ser tradicionalmente ligado ao uso de substâncias ou drogas psicoativas, as dependências de sentimentos também apresentam etiologia e sintomatologia semelhante à de outras dependências.

Neste sentido, a dependência emocional seria caraterizada por comportamentos aditivos que teriam como base os relacionamentos interpessoais e pode ser definida por quatro elementos: motivacional, afetivo, comportamental e cognitivo.

O componente motivacional refere-se à necessidade de suporte, orientação e aprovação. O segundo componente, afetivo, está relacionado à ansiedade sentida pelo indivíduo diante de situações nas quais ele necessita agir independentemente. O componente comportamental refere-se à tendência a procurar ajuda de outros e de submissão em interações interpessoais. E o último componente, o cognitivo, remete à percepção do sujeito como impotente e ineficaz.

Relacionamento saudável x Dependência emocional:

 Todos nós sentimos dependência em alguns períodos da nossa vida e, por si só, isso não é prejudicial. Num relacionamento saudável confiamos na outra pessoa para pedir ajuda, nos compreender e nos dar apoio. O relacionamento saudável é aquele que fortalece todas as pessoas envolvidas e em que cada pessoa mantém a sua autodeterminação, a sua identidade e é capaz de desfrutar de períodos sozinha.

Pelo contrário, a dependência emocional é disfuncional e acontece quando alguém depende excessivamente do outro elemento da relação. Afeta seriamente a possibilidade de ter um relacionamento saudável e mutualmente satisfatório, e traz consequências negativas para quem dela sofre, mas também para quem está num relacionamento com esta pessoa. A pessoa dependente emocionalmente age de forma totalmente dependente da outra pessoa, para que possa sentir-se segura, perdendo completamente a sua personalidade e liberdade interior, focando-se só nos pensamentos e opiniões da outra pessoa.

Necessita da aceitação e aprovação dessa pessoa para conseguir lidar com as decisões da sua vida. Tem dificuldades em aceitar o seu próprio valor e de tomar as suas próprias decisões. Por vezes torna-se submissa e insegura, aceitando relações destrutivas como uma recompensa.

Muitas vezes as pessoas dependentes emocionalmente dedicam todo o tempo à outra pessoa, e exigem que o outro se empenhe na mesma proporção. Porém quando se consciencializam, que a dedicação e afeto não estão a ser recebidos mutuamente, revoltam-se e ficam frustradas pela falta de valorização e reconhecimento. Criam sentimentos como a raiva incontrolável sobre os outros, e sobre si mesmos, somente porque vivem em função da vida da outra pessoa, e quando percebem que não são correspondidas, é-lhes penoso aceitar que podem viver sem a sua presença.

O que nos leva uma pessoa a ser dependente emocionalmente?

A dependência emocional pode surgir durante a infância, caso a criança não sinta as suas necessidades emocionais satisfeitas, apresentando no futuro uma maior tendência para ser um adulto com baixa autoestima e com uma necessidade excessiva de aprovação. É comum ser uma caraterística em pessoas que foram superprotegidas durante a infância e cresceram dependendo de outras pessoas. O excesso de cuidados acaba sendo projetado na vida adulta, e a tendência é que a pessoa dependa dos outros para reconhecer suas virtudes e para realizar suas tarefas.

Há estudos que indicam que a dependência emocional pode ter origem numa educação rígida na qual os pais, bloqueando a liberdade dos filhos, treinam-nos para serem, constantemente, dependentes deles. Na fase adulta esses filhos transferem para outra pessoa, normalmente um cônjuge e, na falta deste, um filho, a responsabilidade de cuidar deles.

Outras abordagens referem que a dependência emocional provém do sentimento de rejeição que pode ser real ou imaginária por parte de pessoas significativas. Ao não se sentir amada a pessoa passa a viver em conformidade com a vontade do outro na tentativa desesperada de agradar, de se sentir aceita e, principalmente, de não ser abandonada. Pode ter origem na infância representada pelo sentimento de rejeição ou medo de perder os pais, ou na fase adulta com a perda de um ente querido, tanto por morte ou abandono. Correlacionada com baixa autoestima, aquele que ama pouco a si mesmo e necessita que os outros o amem para sentir-se digno de amor. Porém, esta necessidade pode tornar-se num labirinto emocional, onde se confunde o amor pelo outro e a necessidade de amor-próprio, tornando o relacionamento numa prisão difícil de sair.

Perfil da pessoa emocionalmente dependente:

Estudos afirmaram que as relações marcadas pela dependência emocional e as pessoas dependentes emocionalmente têm maiores hipóteses de apresentarem riscos a vida, adotando comportamentos autodestrutivos, doenças físicas e outras psicopatologias. Nestas, observam-se, de uma forma geral, comportamentos de submissão ao outro, sinais de abstinência na ausência da pessoa amada, ausência de decisões nos relacionamentos, sentimentos de insatisfação, vazio emocional, medo da solidão, baixa tolerância a frustração, tédio, desejo de autodestruição e sentimentos negativos, falta de consciência sobre seus problemas, sensação de estarem presos ao relacionamento e de que não conseguirão deixá-lo, conflitos de identidade, foco excessivo no outro e autonegligência. 

Pessoas diagnosticadas com dependência emocional são impulsivas e possuíam relações mais insatisfatórias. Sentem-se tão dependente a ponto de sufocar a própria individualidade e não conseguir enfrentar a vida sem o outro.

Como a Psicoterapia pode auxiliar pessoas dependentes emocionalmente:

A pessoa dependente emocionalmente deve procurar ajuda profissional. A psicoterapia pode orientá-lo adequadamente, contribuindo para o processo de conquista da independência emocional. Podendo auxilia-lo neste grande e complexo desafio, visto que é mais fácil continuar a procurar a felicidade em fatores externos do que construir recursos internos que preencham o vazio sentido.

O processo terapêutico vai ajudá-lo a expressar os seus sentimentos e as suas necessidades de forma mais adequada, a adquirir noção dos seus limites e ganhar perspectiva positiva sobre si próprio, sendo a psicoterapia individual a mais indicada.

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